Uso de interferon alfa recombinante humano em felinos infectados com o vírus do FeLV
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v18n04e1585Palavras-chave:
Clínica de pequenos, felinos, hematologia, imunomoduladorResumo
O vírus da leucemia felina (FeLV, feline leukemia virus) é um retrovírus pertencente ao gênero Gammaretrovírus que afeta exclusivamente felídeos. O vírus possui a enzima transcriptase reversa, que se integra ao DNA do hospedeiro de forma permanente, levando a diferentes quadros clínicos. As principais complicações causadas pelo FeLV são neoplasias hematopoiéticas, desordens imunomediadas, alterações neurológicas e imunossupressão, entre outros acometimentos. Não existe tratamento efetivo para a doença, porém drogas antivirais e imunomoduladoras seguem sendo testadas. O uso de Interferon Alfa Recombinante Humano se mostra favorável à diminuição da sintomatologia clínica e no controle de infecções oportunistas, aumentando a qualidade e expectativa de vida de gatos infectados com o vírus do FeLV. Os retrovírus estão entre as principais causas de óbito de gatos domésticos. A ausência de conhecimento a respeito da doença por parte de tutores e o aumento da densidade populacional de gatos no Brasil contribuem com o aumento da incidência do FeLV. Embora não exista um protocolo médico-veterinário universal para a doença, é possível encontrar novos estudos e informações que podem contribuir com a terapêutica do animal infectado, oferecendo ao mesmo melhor qualidade e expectativa de vida e, em alguns casos, até a possibilidade de eliminação do vírus. Esse fato esbarra em outra realidade: a de profissionais desatualizados e que não estão familiarizados com as diretrizes de Teste e Gestão de Retrovírus Felino, da AAFP (American Association of Feline Practitioners), entidade internacional que, desde 1971, trabalha na melhoraria da saúde felina, oferecendo diretrizes para as práticas médico-veterinárias endossadas por evidencias científicas. O crescimento populacional e as doenças que acometem exclusivamente a espécie também expõe a necessidade de contemplar nas grades curriculares dos cursos de graduação um maior aprofundamento no que diz respeito à saúde felina, preparando esses futuros profissionais para suprir a demanda por médicos veterinários atualizados e com conhecimentos suficientes para atender a espécie.
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