Síndrome da disfunção cognitiva canina: Alzheimer em cães
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v17n9e1442Palavras-chave:
Alzheimer canino, doença de Alzheimer, neurodegenerativa, senilidade, SDDCResumo
Com os avanços da medicina veterinária, melhorias na nutrição e maior cuidado dos tutores com seus animais, a perspectiva de vida dos cães está aumentando significativamente. No entanto, esse aumento na longevidade vem acompanhado pelo surgimento mais frequente de doenças relacionadas ao envelhecimento, sendo uma delas a Síndrome da Disfunção Cognitiva Canina (SDDC). Essa síndrome afeta cães idosos não apenas fisicamente, mas também cognitivamente. Trata-se de uma doença neurodegenerativa que se desenvolve gradualmente e, inicialmente, pode passar despercebida, muitas vezes sendo confundida com os processos naturais de envelhecimento. Seu diagnóstico é desafiador e complexo, dependendo de vários fatores, principalmente, envolvendo a exclusão de outras suspeitas clínicas comuns em animais idosos, além de uma minuciosa anamnese conduzida pelo médico veterinário, levando também em consideração informações fornecidas pelos tutores. Questionários que abordam aspectos comportamentais e cognitivos do animal podem ser muito úteis para direcionar o diagnóstico. Uma vez confirmado o diagnóstico, é importante iniciar imediatamente as medidas de tratamento visando o conforto e o bem-estar do animal. Estratégias de enriquecimento ambiental desempenham um papel essencial, envolvendo a introdução de objetos que estimulem a cognição do cão. Além disso, ajustes na alimentação são recomendados, incluindo a adição de vitaminas C e E, bem como ácidos graxos, ômega-3 e ômega-6 na dieta. Alguns medicamentos, como o revimax, também podem ser administrados como parte do tratamento. O objetivo do tratamento é prolongar e promover qualidade de vida ao animal, buscando retardar a progressão da síndrome, embora ela não tenha uma cura definitiva até o momento. É interessante notar que essa síndrome possui semelhanças com a Doença de Alzheimer em Humanos (DAH), sendo assim, estudos e pesquisas sobre essa doença podem contribuir para o desenvolvimento de abordagens mais eficazes visando o tratamento da SDDC.
Referências
Azkona, G., García‐Belenguer, S., Chacón, G., Rosado, B., León, M., & Palacio, J. (2009). Prevalence and risk factors of behavioural changes associated with age‐related cognitive impairment in geriatric dogs. Journal of Small Animal Practice, 50(2), 87–91. https://doi.org/10.1111/j.1748-5827.2008.00718.x.
Barbosa, K. B. F., Costa, N. M. B., Alfenas, R. de C. G., De Paula, S. O., Minim, V. P. R., & Bressan, J. (2010). Estresse oxidativo: conceito, implicações e fatores modulatórios. Revista de Nutrição, 23(4), 629–643.
Bruns, A. I. (2009). Alzheimer’s disease. British Medical Journal, 338, 464–471.
Davies, M. (2012). Geriatric clinics in practice. Veterinary Focus, 22(2), 15–22.
Dewey, C. W., & Costa, R. C. (2016). Practical guide to canine and feline neurology (3 Ed.). Wiley Blackwell.
Dewey, C. W., Davies, E. S., Xie, H., & Wakshlag, J. J. (2019). Canine cognitive dysfunction: pathophysiology, diagnosis, and treatment. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, 49(3), 477–499. https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2019.01.013.
Gottlieb, M. G. V., Cruz, I. B. M., Schwanke, C. H. A., & Bodanese, L. C. (2010). Estresse oxidativo como fator de risco cardiometabólico emergente. Scientia Medica, 20(3), 243–249.
Gunn-Moore, D. A. (2011). Cognitive dysfunction in cats: clinical assessment and management. Topics in Companion Animal Medicine, 26(1), 17–24.
Head, E. (2013). A canine model of human aging and Alzheimer’s disease. Biochimica et Biophysica Acta (BBA)-Molecular Basis of Disease, 1832(9), 1384–1389. https://doi.org/10.1016/j.bbadis.2013.03.016.
Heckler, M. C. T., Svicero, D. J., & Amorim, R. M. (2011). Síndrome da disfunção cognitiva em cães. Clínica Veterinária, 90, 70–74.
Kurinami, H., Sato, N., Shinohara, M., Takeuchi, D., Takeda, S., Shimamura, M., Ogihara, T., & Morishita, R. (2008). Prevention of amyloid β-induced memory impairment by fluvastatin, associated with the decrease in amyloid β accumulation and oxidative stressin amyloid β injection mouse model. International Journal of Molecular Medicine, 21(5), 531–537. https://doi.org/10.3892/ijmm.21.5.531.
LaFerla, F. M., Green, K. N., & Oddo, S. (2007). Intracellular amyloid-β in Alzheimer’s disease. Nature Reviews Neuroscience, 8(7), 499–509.
Landsberg, G. M., DePorter, T., & Araujo, J. A. (2011). Clinical signs and management of anxiety, sleeplessness, and cognitive dysfunction in the senior pet. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, 41(3), 565–590. https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2011.03.017.
Landsberg, G. M., & Head, E. (2008). Senilidade e seus efeitos sobre o comportamento. In J. D. Hoskins (Ed.), Geriatria e Gerontologia do Cão e Gato (pp. 33–48). Roca, Brasil.
Landsberg, G. M., Nichol, J., & Araujo, J. A. (2012). Cognitive dysfunction syndrome: a disease of canine and feline brain aging. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, 42(4), 749–768. https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2012.04.003.
Madari, A., Farbakova, J., Katina, S., Smolek, T., Novak, P., Weissova, T., Novak, M., & Zilka, N. (2015). Assessment of severity and progression of canine cognitive dysfunction syndrome using the Canine Dementia Scale (CADES). Applied Animal Behaviour Science, 171, 138–145. https://doi.org/10.1016/j.applanim.2015.08.034.
Moussa‐Pacha, N. M., Abdin, S. M., Omar, H. A., Alniss, H., & Al‐Tel, T. H. (2020). BACE1 inhibitors: Current status and future directions in treating Alzheimer’s disease. Medicinal Research Reviews, 40(1), 339–384. https://doi.org/10.1002/med.21622.
Nešić, S., Kukolj, V., Marinković, D., Vučićević, I., & Jovanović, M. (2017). Histological and immunohistochemical characteristics of cerebral amyloid angiopathy in elderly dogs. Veterinary Quarterly, 37(1), 1–7. https://doi.org/10.1080/01652176.2016.1235301.
Osella, M. C., Re, G., Odore, R., Girardi, C., Badino, P., Barbero, R., & Bergamasco, L. (2007). Canine cognitive dysfunction syndrome: prevalence, clinical signs and treatment with a neuroprotective nutraceutical. Applied Animal Behaviour Science, 105(4), 297–310. https://doi.org/10.1016/j.applanim.2006.11.007.
Pantoja, L. N. (2010). Contribuição ao diagnóstico clínico da disfunção cognitiva canina. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Pineda, S., Olivares, A., Mas, B., & Ibañez, M. (2014). Cognitive dysfunction syndrome: updated behavioral and clinical evaluations as a tool to evaluate the well-being of aging dogs. Archivos de Medicina Veterinaria, 46(1), 1–12. https://doi.org/10.4067/S0301-732X2014000100002.
Salvin, H. E., McGreevy, P. D., Sachdev, P. S., & Valenzuela, M. J. (2010). Under diagnosis of canine cognitive dysfunction: a cross-sectional survey of older companion dogs. The Veterinary Journal, 184(3), 277–281. https://doi.org/10.1016/j.tvjl.2009.11.007.
Sousa, A. V, & Souza, L. F. C. B. (2019). Síndrome da disfunção cognitiva em cães–revisão de literatura. Ciência Veterinária UniFil, Londrina, 1(3), 121–137.
Travancinha, J. D. N. P., & Pomba, M. C. M. F. (2015). Alterações comportamentais sugestivas de síndrome da disfunção cognitiva em cães geriátricos. Universidade de Lisboa (Portugal).
Yamada, K., Tanaka, T., Senzaki, K., Kameyama, T., & Nabeshima, T. (1998). Propentofylline improves learning and memory deficits in rats induced by β-amyloid protein-(1-40). European Journal of Pharmacology, 349(1), 15–22. https://doi.org/10.1016/s0014-2999(98)00166-6.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Alexandre Brigatto Dias; Profa. Dra. Patrícia Franciscone Mendes.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença. De acordo com os termos seguintes:
Atribuição
— Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso. Sem restrições adicionais
— Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.