Intoxicações de animais por praguicidas da classe dos carbamatos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31533/pubvet.v18n08e1644

Palavras-chave:

Anticolinesterásicos, carbamatos, intoxicação, praguicidas

Resumo

As intoxicações intencionais por agentes exógenos ocorrem com certa frequência e representam um elevado porcentual da causa mortis de pequenos animais na medicina veterinária. O carbamato popularmente conhecido como “chumbinho” é frequentemente relacionado a casos de intoxicação criminosa de animais domésticos no Brasil, sendo comercializado ilegalmente e amplamente utilizado como raticida doméstico. O objetivo deste trabalho é discorrer sobre alguns tipos de praguicidas e as suas toxicidades e que têm em sua composição substâncias inorgânicas e orgânicas. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura nacional e internacional com as seguintes palavras chaves: anticolinesterásicos, carbamatos, intoxicação, praguicidas; utilizando-se as seguintes bases de dados científicos para pesquisas acadêmicas: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), SciELO, Scopus, Portal de Periódicos da CAPES, Google Acadêmico, PubMed e Biomed Central. Os praguicidas com sua natureza química inorgânica aparecem no cotidiano e são classificados como organoclorados, organosfosforados, carbamatos e outros, e têm um efeito imediato sobre o organismo. Casos de intoxicações envolvendo agentes tóxicos comercializados ilegalmente como raticidas são muito frequentes e nota-se que, na maioria das vezes, o desconhecimento e/ou a desinformação dos tutores a respeito do assunto são fatores marcantes em casos de óbitos repentinos de animais intoxicados atendidos em clínicas veterinárias. As melhores formas de se reduzir a incidência de intoxicações em animais de companhia pode ser através da capacitação de médicos veterinários atuantes na área de primeiros socorros, bem como atuação destes na prevenção através da conscientização da população em relação ao uso desses agentes tóxicos. Há também necessidade de uma maior fiscalização em relação à comercialização ilegal desses produtos químicos por parte dos órgãos públicos.

Referências

ANVISA. (2019). Farmacopeia Brasileira (ANVISA2019, Ed.; 7th ed., Vol. 1). Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Fundação Oswaldo Cruz.

Baron, R. L. (1994). A carbamate insecticide: A case study of aldicarb. Environmental Health Perspectives, 102(SUPPL. 11), 23–27. https://doi.org/10.1289/ehp.94102s1123.

Bonaccorso, N. S. (2015). Aplicação do exame de DNA na elucidação de crimes. Universidade de São Paulo.

Brownlie, H. W. B., & Munro, R. (2016). The veterinary forensic necropsy: A review of procedures and protocols. Veterinary Pathology, 53(5). https://doi.org/10.1177/0300985816655851.

Bulcão, R. P., Tonello, R., Piva, S. J., Schmitt, G. C., Emanuelli, T., Dallegrave, E., & Garcia, S. C. (2010). Intoxicação em cães e gatos: diagnóstico toxicológico empregando cromatografia em camada delgada e cromatografia líquida de alta pressão com detecção ultravioleta em amostras estomacais. Ciência Rural, 40, 1109–1113. https://doi.org/10.1590/S0103-84782010000500017.

BRASIL. (1998). Presidência da república. Lei de Crimes Ambientais | Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104091/lei-de-crimes-ambientais-lei-9605-98.

CCIN (Centro de Controle de Intoxicações de Niterói) (2000). Intoxicações exógenas agudas por carbamatos, organofosforados, compostos bipiridílicos e piretroides. Brasil, 2000. Niterói: Centro de Controle de Intoxicações de Niterói.

Cooper, J. E., & Cooper, M. E. (2008). Forensic veterinary medicine: a rapidly evolving discipline. Forensic Science, Medicine, and Pathology, 4(2), 75–82. https://doi.org/10.1007/s12024-008-9036-x.

D’Haenens, J. P., McDonald, K. W., Langley, R. L., Higgins, S. A., Scott, R., Farquhar, P. N., & Meggs, W. J. (2013). Aldicarb: A case series of watermelon-borne carbamate toxicity. Journal of Agromedicine, 18(2). https://doi.org/10.1080/1059924X.2013.766141.

Durão, C., & Machado, M. P. (2016). Death by chumbinho: Aldicarb intoxication—regarding a corpse in decomposition. International Journal of Legal Medicine, 130(4). https://doi.org/10.1007/s00414-016-1336-1.

Forrester, M. B. (2005). Pattern of stingray injuries reported to Texas poison centers from 1998 to 2004. Human and Experimental Toxicology, 24(12), 639–642. https://doi.org/10.1191/0960327105ht566oa.

Fukushima, A. R., & Azevedo, F. A. (2015). História da toxicologia. Parte I – Breve panorama brasileiro. Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, 1(1). https://doi.org/10.22280/revintervol1ed1.3

Fukusima, A. R., Spinosa, H. S., & Maiorka, P. C. (2017). Manual de análises toxicológicas forenses focado em crime contra animais. Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, 10(2), 43. https://doi.org/10.22280/revintervol10ed2.324.

Graça, D. L., Alessi, A. C., Ecco, R., & Viott, A. M. (2010). Patologia do sistema nervoso. In R. L. Santos & A. C. Alessi (Eds.), Patologia Veterinária (pp. 525–610). Roca.

Gwaltney-Brant, S. (2011). Incidence of poisoning in small animals. Small Animal Toxicology Essentials, 17–20. https://doi.org/10.1002/9781118785591.ch2.

Jardim, M. P. B. (2019). Intoxicação em gatos domésticos no Brasil - Caracterização dos principais agentes tóxicos e descrição do conhecimento dos tutores. Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária, 53(9).

Klaassen, C. D., & Watkins, J. B. (2012). Fundamentos em toxicologia de Casarett e Doull (Lange). In Toxicologia (pp. 1–460).

Marlet, E. F., & Maiorka, P. C. (2010). Análise retrospectiva de casos de maus tratos contra cães e gatos na cidade de São Paulo. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, 47(5), 385–394. https://doi.org/10.11606/issn.1678-4456.bjvras.2010.26820.

McDonough, S. P., & McEwen, B. J. (2016). Veterinary forensic pathology: the search for truth. In Veterinary Pathology (Vol. 53, Issue 5, pp. 875–877). SAGE Publications Sage CA: Los Angeles, CA. https://doi.org/10.1177/0300985816647450.

Medeiros, R. J., Monteiro, F. O., Silva, G. C., & Nascimento Júnior, A. (2009). Casos de intoxicações exógenas em cães e gatos atendidos na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense durante o período de 2002 a 2008. Ciência Rural, 39(7), 2105–2110. https://doi.org/10.1590/s0103-84782009005000151.

Menezes, R. S., Pas-de-Almeida, E. C., & Ferreira, A. M. R. (2011). Análise retrospectiva de casos de intoxicação fatal em cães e gatos diagnosticados em necropsias no período de 2004 a 2011. Anais Do Congresso de Medvep.

Nascimento, A. H., Domingues, A. I., Feio, J. V., Vasconcelos, M. V. N., & Alves, W. F. S. (2021). Intoxicação por fipronil em felino: Relato de caso. https://doi.org/10.51161/rems/1830.

Pugas, B. A. R., & Sanches, P. A. G. (2020). Intoxicação em felinos causada por paracetamol: Úlcera gástrica em felinos. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária, 3(1), 54–64.

Santos, K. C., Souza, L., Sousa, L. D. C., Colacite, J., & Todeschini, B. (2021). Medicamentos de uso humano e sua prescrição para animais domésticos. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária FAG, 4(2), 207–217.

Santos, V. M. R., Donnici, C. L., DaCosta, J. B. N., & Caixeiro, J. M. R. (2007). Compostos organofosforados pentavalentes: Histórico, métodos sintéticos de preparação e aplicações como inseticidas e agentes antitumorais. In Química Nova (Vol. 30, Issue 1, pp. 159–170). https://doi.org/10.1590/S0100-40422007000100028.

Silva, J. H. A. N., Xavier, G. R., Pinto, G. O. A., Freitas, I. A., & Teixeira, M. N. (2021). Tratamento emergencial em casos de intoxicação por Aldicarb: Revisão de literatura. Revista Multidisciplinar em Saúde, 2(3), 1–8. https://doi.org/10.51161/rems/1820.

SINITOX. (2022). Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas.

Souza, M. R., Livino, C. D., Santos, E. E. J., Silva, E. R. S., Jesus, F. N. A., Oliveira, F. M., Gomes, I. S. S., Nascimento, T. N. S., & Souza, T. M. G. (2021). Uso indiscriminado de medicamentos em pequenos animais na cidade de Aracaju-SE e regiões metropolitanas. PUBVET, 15(6), 1–5. https://doi.org/10.31533/pubvet.v15n06a849.1-5.

Tremori, T. M. (2015). Cães e gatos: expressão das lesões em intoxicações criminais. Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Wang, Y., Kruzik, P., Helsberg, A., Helsberg, I., & Rausch, W.-D. (2007). Pesticide poisoning in domestic animals and livestock in Austria: a 6 years retrospective study. Forensic Science International, 169(2–3), 157–160. https://doi.org/10.1016/j.forsciint.2006.08.008.

Xavier, F. G., Righi, D. A., & Spinosa, H. S. (2007). Toxicologia do praguicida aldicarb (“chumbinho”): aspectos gerais, clínicos e terapêuticos em cães e gatos. Ciência Rural, 37(4), 1206–1211. https://doi.org/10.1590/s0103-84782007000400051.

Downloads

Publicado

07-08-2024

Edição

Seção

Medicina veterinária

Como Citar

1.
Datorre A, Mendes PF. Intoxicações de animais por praguicidas da classe dos carbamatos. Pubvet [Internet]. 7º de agosto de 2024 [citado 22º de dezembro de 2024];18(08):e1644. Disponível em: https://ojs.pubvet.com.br/index.php/revista/article/view/3738

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)