Interferência humana no bem-estar dos grandes animais: Retrospectiva dos casos atendidos em cinco anos
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v16nsup1.a1305.1-6Palavras-chave:
grande porte,retrospecção,saúdeResumo
A convivência humana e animal remete desde o período Neolítico e por mais estreita que seja essa relação, a ideia de animais como seres sencientes é recente e, por vezes, ignorada. Certas medidas têm sido tomadas para mudar essa realidade, como a criação do Comitê de Brambell, a pontuação das cinco liberdades do bem-estar animal e dos direitos dos animais garantidos por lei, além dos deveres do médico-veterinário para garantir a saúde física e mental dos pacientes. Desta forma, esse trabalho teve por objetivo realizar um estudo retrospectivo dos casos atendidos no Setor de Grandes Animais da UNICENTRO ao longo de cinco anos, avaliar a interferência humana no bem-estar animal e classificar em três tipos: I – ignorância, inexperiência, incompetência por parte do proprietário; II – falta de consideração, abandono e agressão; III – negligência, imprudência e imperícia veterinária. Dentre os resultados obtidos, dos 693 casos estudados, 20% dos animais foram atendidos em decorrência de mal-estar, sendo 102 animais por tipo I, 39 por tipo II e três casos por tipo III. Quanto às espécies animais, os mais acometidos foram os ovinos (30%) e bovinos (29%). A partir da revisão literária realizada, foi possível determinar que os casos de maus-tratos a grandes animais são pouco identificados e não chegam às autoridades, entretanto, a ignorância por parte dos proprietários é o principal motivo para que o bem-estar não seja praticado nas propriedades. Portanto, foi possível concluir que a chave para mudar essa realidade é a disseminação da ideia do bem-estar animal e suas consequências positivas para a produção e o bolso do produtor, além de que estudar e divulgar os casos atendidos, mantém a dignidade da profissão do médico veterinário.
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