Condições higiênico-sanitárias no comércio de carnes e derivados em feiras livres em Colatina, Espírito Santo
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v19n03e1738Palavras-chave:
carnes e derivados, feira livre, condições de higiene , segurança alimentarResumo
Feiras livres são historicamente reconhecidas como potenciais focos de doenças transmitidas por alimentos. A intensa circulação de pessoas e produtos, aliada a condições sanitárias frequentemente precárias, favorece a proliferação de microrganismos. Este estudo teve como objetivo avaliar as condições higiênico-sanitárias do comércio de carnes e derivados em feiras livres de Colatina-ES, analisando sua conformidade com as normas vigentes. Foram visitadas três feiras locais, onde foram avaliadas 9 barracas que comercializam carnes e derivados. A coleta de dados foi realizada por meio de observação direta, utilizando um questionário estruturado com base em quatro eixos principais: infraestrutura, aspectos higiênico-sanitários, condições ambientais e organização. Os dados apontaram um cenário preocupante, com elevados índices de não conformidade. A manipulação simultânea de alimentos e dinheiro pelos mesmos indivíduos foi observada em aproximadamente 89% das barracas (8 de 9), expondo os produtos a alto risco de contaminação cruzada. Além disso, 100% das barracas (9 de 9) não dispunham de controle adequado da temperatura de conservação das carnes, enquanto 78% (7 de 9) apresentaram presença de vetores, como moscas e outros insetos, em contato direto com os alimentos. Em aproximadamente 67% das barracas (6 de 9), a higiene dos manipuladores, incluindo o uso de vestimentas adequadas e a higiene pessoal, foi considerada insuficiente. As condições ambientais, relacionadas à limpeza e organização das áreas de venda, foram classificadas como inadequadas em 89% dos casos (8 de 9). Esses resultados evidenciam a precariedade das condições higiênico-sanitárias no comércio de carnes em feiras livres de Colatina-ES, colocando em risco a saúde pública. Dessa forma, a implementação de medidas de controle mais rigorosas, como fiscalização frequente e obrigatoriedade de adequação às normas higiênico-sanitárias, aliada a ações educativas para os comerciantes, é imprescindível. Tais medidas são fundamentais para garantir a segurança alimentar da população e prevenir doenças transmitidas por alimentos.
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