Lúpus Eritematoso Discóide em cão sem raça definida
Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v18n09e1657Palavras-chave:
Autoimune, canina, dermatopatia, despigmentação, ulceraçãoResumo
O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de Lúpus Eritematoso Discóide (LED) em um cão sem raça definida, de 9 anos de idade e 18 kg. As doenças autoimunes cutâneas são dermatoses raras, caracterizadas pela produção de autoanticorpos que danificam o tecido muco-cutâneo, provocando inflamação e lesões teciduais, sendo o LED a segunda de maior prevalência em cães e considerada como uma variante benigna do Lúpus Eritematoso Sistêmico. A sua etiologia ainda é desconhecida, mas fatores genéticos, endócrinos, infecciosos, exposição à luz ultravioleta e reações medicamentosas estão envolvidos. Esta patologia já foi observada em cães, gatos, equinos e humanos. O quadro de lesão consiste em despigmentação, lesões erodo-crostosas e ulcerativas, eritema, alopecia e prurido, acometendo principalmente a região periocular, espelho e ponte nasal. Excluir outras dermatopatias com sinais clínicos semelhantes e a realização de biopsia cutânea e posterior exame histopatológico permitem a confirmação do diagnóstico. A terapia para esta enfermidade envolve uso de protetor solar, medicação imunossupressora e suplementação de ácidos graxos e vitaminas A e E. O paciente deste relato foi atendido em 09/04/2021 no município de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro) apresentando prurido, lesão erodo-crostosa, eritema, alopecia periocular em ponte nasal, edema e despigmentação em espelho nasal. Também apresentou, edema e despigmentação em espelho nasal. O paciente já havia sido atendido no ano de 2018, em outro local e por outro profissional que não solicitou exames complementares, porém, receitou tratamento tópico com a pomada Crema 6A® não obtendo bom resultado. O diagnóstico foi obtido através de histopatológico das lesões cutâneas (nasal e lábios) que confirmou o LED. No dia 28/07/2023, este paciente foi atendido por um profissional em outra clínica veterinária que para diagnóstico diferencial reaizou PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) de fragmentos cutâneos e sorologia (ELISA + RIFI com diluição total) para leishmaniose, que obteve resultados negativos. O paciente realizou protocolos de tratamentos diferentes que não foram satisfatórios, exceto o último que se encontra em curso, composto por drogas imunossupressoras: Ciclosporina oral e pomada oftálmica Tacrolimus de uso tópico nas lesões, além do uso de protetor solar na face. O paciente do presente estudo demonstrou boa resposta, uma vez que houve remissão das lesões, eritema e pigmentação, além de não apresentar nenhuma reação medicamentosa adversa.
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