Atendimento clínico e tratamento de cadela intoxicada por veneno de sapo (Rhinella marina)
Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v18n06e1609Palavras-chave:
Bufotoxismo, sapo-boi, sapo-cururuResumo
No contexto da clínica veterinária de pequenos animais em Maceió, Alagoas, Brasil, observa-se que a maioria dos casos de intoxicação resulta do contato com agrotóxicos ou por ingestão indevida de medicamentos. Em um episódio marcante de 2017, atendemos uma cadela da raça Corso Italiano, com 13 anos, apresentando sintomas severos de intoxicação. A análise eletrocardiográfica foi fundamental para identificar a causa dos sintomas, que se suspeitava ser envenenamento por Rhinella marina, também conhecida como Bufo marinus ou popularmente como sapo-cururu. A bufotoxina, componente principal do veneno, teve um impacto significativo nos receptores cardíacos da cadela, alterando o eletrocardiograma e induzindo um ritmo sinusal com taquicardia ventricular fascicular por um extenso período. Tais toxinas, incluindo bufodienolides e bufotoxinas, atuam de maneira similar aos digitálicos, bloqueando a bomba de sódio e potássio das células cardíacas. Rhinella marina, um anfíbio nativo das Américas Central e do Sul, pertence a um gênero com centenas de espécies, sendo amplamente distribuído pelo Brasil. Embora não existam dados estatísticos nacionais sobre sua ocorrência, na Itália, as zootoxinas, incluindo o veneno de sapos, são responsáveis por 2.4% das intoxicações animais. A confirmação do diagnóstico veio dias depois, com a descoberta de uma carcaça de Rhinella marina próxima ao local onde vivia o animal. O tratamento consistiu em fluidoterapia e administração endovenosa de lidocaína para normalizar o ritmo cardíaco. Após três dias de internação com tratamento intensivo, a cadela recebeu alta com o eletrocardiograma normalizado.
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