Bloqueio retrobulbar para enucleação de bulbo ocular em leão-africano (Panthera leo): Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v17n9e1450Palavras-chave:
Anestesia, bloqueio ocular, felídeo, zoológico, oftalmologiaResumo
Devido ao aumento na rotina de cirurgias oculares, e estas estarem associadas à dor moderada à intensa, têm-se buscado técnicas para controle analgésico, dentre elas se destaca a anestesia locorregional. Esse trabalho teve como objetivo descrever a técnica de bloqueio retrobulbar em leão-africano (Panthera leo), de 12 anos, 146 kg, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná para procedimento cirúrgico de enucleação, ilustrando sua aplicabilidade nessa espécie em questão. Foi realizado sedação prévia do animal para transporte com tiletamina-zolazepam na dose de 3 mg/kg. Devido ao estado de consciência do mesmo ao chegar no Hospital foi necessária uma segunda administração de fármacos. Utilizou-se em associação dexmedetomidina (5 mcg/kg), metadona (0,2 mg/kg) e dextrocetamina (2 mg/kg). A indução foi realizada com remifentanil 10mcg/kg/min e propofol 50 mcg/kg/min por cerca de 10 minutos. A manutenção anestésica ocorreu pela técnica de anestesia intravenosa total, a partir da administração de propofol em uma taxa variável, ajustada entre 12,5 – 50 mcg/kg/min, remifentanil na taxa de 5 a 10 ug/kg/h, dexmedetomidina 0,5 a 1,0 ug/kg/h e cetamina 0,6 mg/kg/h. Visando uma analgesia preemptiva, foi realizado o bloqueio retrobulbar por referência anatômica pela abordagem inferotemporal da órbita com bupivacaína 0,5% na dose de 0,05 mL/kg. Durante o procedimento os parâmetros fisiológicos se mantiveram estáveis, dentro dos valores de referência e não foi necessário resgate analgésico no trans-operatório, confirmando a eficácia do bloqueio retrobulbar, porém, por se tratar de um animal selvagem, a avaliação da eficácia analgésica pós-operatória foi inviável.
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