Paralisia de laringe unilateral esquerda pós intubação em braquicefálico: Relato de caso

Autores

  • Jéssica Martinelli Victorino Universidade Federal do Paraná
  • Tainá Pacheco de Souza Universidade Estadual do Centro-Oeste
  • João Thiago Bastos Universidade Positivo
  • Petra Cavalcanti Germano Universidade Federal do Paraná
  • Isadora Scherer Borges Universidade Federal do Paraná
  • Cecilia Capacchi Dall'Agnol Universidade Federal do Paraná
  • Weslley Junior de Oliveira Universidade Federal do Paraná
  • Farah Ramalho de Andrade Universidade Federal do Paraná
  • Fernanda Gabriele Almeida Universidade Estadual do Centro-Oeste
  • Gabriela Brasílio Roberto Universidade Estadual do Centro-Oeste
  • Roberta Carareto Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.31533/pubvet.v16n11a1253.1-9

Palavras-chave:

cão,colapso laríngeo,intubação orotraqueal,paralisia de laringe,pneumonia aspirativa

Resumo

A perda da capacidade de abdução da laringe de forma unilateral ou bilateral durante a inspiração de origem adquirida ou congênita é definida como paralisia de laringe. Essa patogenia está normalmente associada a cães de meia idade, a idosos, machos e de grande porte. A ocorrência de paralisia de laringe secundária a intubação em cães é pouco comum, diferente do que ocorre em humanos. O presente trabalho teve como objetivo relatar o caso de um cão da raça Pug, macho, castrado, de oito anos de idade, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná. O paciente em questão foi submetido a procedimento cirúrgico sob intubação, e retornou ao hospital em torno de 30 dias depois, em atendimento de emergência devido à angústia respiratória e queixa de afonia e roncos mais intensos e frequentes com início uma semana após a intubação. Após estabilização do quadro na internação, o animal foi submetido a laringoscopia sob anestesia ambulatorial leve para avaliação de vias aéreas superiores, durante a qual foi possível constatar prolongamento de palato mole, eversão de sacos laríngeos, processos cuneiformes das aritenoides colapsando em direção ao lúmen laríngeo durante a inspiração, colapso laríngeo grau 2 e paralisia de laringe unilateral esquerda. Após estabilização, o cão recebeu alta da internação para tratamento de hemoparasitose previamente à rinoplastia e estafilectomia. Duas semanas após a alta, paciente retornou ao hospital em crise respiratória severa, sendo necessária realização de traqueostomia temporária e monitoramento em unidade de terapia intensiva para estabilização do quadro. Três dias depois após estabilização, foi então submetido a estafilectomia, rinoplastia e saculectomia, sendo constatado novamente o quadro de colapso de laringe de segundo grau e paralisia laríngea unilateral esquerda. Após dois dias internado para cuidados pós-operatórios, o tubo de traqueostomia temporária foi retirado e recebeu alta sob orientações de tratamento clínico e manejo. Uma semana após o retorno, o animal em questão veio a óbito em casa após um quadro de êmese seguido por angústia respiratória relatada pelo tutor. Suspeita-se que tenha ocorrido um quadro de broncoaspiração, sendo tal complicação bastante frequente nos casos de paralisia de laringe.

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Publicado

05-12-2022

Edição

Seção

Medicina veterinária

Como Citar

Paralisia de laringe unilateral esquerda pós intubação em braquicefálico: Relato de caso. (2022). Pubvet, 16(11). https://doi.org/10.31533/pubvet.v16n11a1253.1-9

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