Uso de cannabis medicinal no tratamento da doença intestinal inflamatória em felino: Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v17n4e1373Palavras-chave:
Cannabis, doença intestinal inflamatória, tratamentoResumo
A doença intestinal inflamatória (DII) em felinos é decorrente de uma resposta imune exacerbada a presença de antígenos na mucosa gastrointestinal. Essa afecção é uma das principais causas de vômitos e diarreias crônicas em pequenos animais, não apresentando predisposição sexual e sendo observada em animais de meia idade. O tratamento mais empregado é a terapia imunossupressora, que de maneira ideal, deve ser diminuída gradativamente até ser completamente suspensa. Porém, alguns animais precisam de uma terapia a longo prazo, que pode acarretar uma série de efeitos colaterais. Pensando em uma alternativa terapêutica menos deletéria, esse trabalho tem como objetivo relatar o caso de um felino da raça persa, macho, de seis anos de idade, diagnosticado com DII que foi encaminhado para o tratamento com a cannabis medicinal. O animal chegou com um histórico de diarreia com hematoquezia e êmese após a tentativa de diminuição da dose de budesonida. A budesonida foi trocada pela prednisolona e foi receitado o óleo de cannabis, com evolução gradativa da dose administrada, até a interrupção completa dos sinais clínicos. Após o ajuste de doses, foi possível observar a melhora clínica do felino, que além de não apresentar mais sintomas gastrointestinais, se mostrou menos receoso a situações que, anteriormente a terapia canábica, geravam estresse e alterações comportamentais. Considerando a evolução do quadro clínico e do bem-estar do animal, sugere-se que o uso da cannabis medicinal no tratamento da DII, foi eficaz.
Referências
Baron, J. A., Folan, R. D., & Kelley Junior, M. K. (1990). Ulcerative colitis and marijuana. Annals of Internal Medicine, 112(6), 471–471. https://doi.org/10.7326/0003-4819-76-3-112- 6-471_1.
Birchard, S. J., & Sherding, R. G. (2008). Manual Saunders: clínica de pequenos animais. In Ed. Roca (Vol. 3).
Brutlag, A., & Hommerding, H. (2018). Toxicology of marijuana, synthetic cannabinoids, and cannabidiol in dogs and cats. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, 48(6), 1087–1102. https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2018.07.008.
Cital, S., & Highston, L. (2021). Cannabinoids in cats: use and misuse. The International Society of Feline Medicine Journal for Veterinary Nurses and Technicians, 7(5), 121–130.
Correia-da-Silva, G., Fonseca, B. M., Soares, A., & Teixeira, N. (2019). Canábis e canabinóides para fins medicinais. Revista Portuguesa de Farmacoterapia, 11(1), 21–31.
Couch, D. G., Maudslay, H., Doleman, B., Lund, J. N., & O’Sullivan, S. E. (2018). The Use of Cannabinoids in Colitis: A Systematic Review and Meta-Analysis. Inflammatory Bowel Diseases, 24(4), 680–697. https://doi.org/10.1093/ibd/izy014
Ettinger, S. J., Feldman, E. C., & Cote, E. (2017). Textbook of Veterinary Internal Medicine-eBook. Elsevier Health Sciences.
Gouvêa, F. N., Pennachi, C. S., Assaf, N. D., Arantes, E. A. L., Stefaniszen, A. G., Vieira, E. M., Genari, V., Guimarães-Okamoto, P. T. C., & Melchert, A. (2020). Doenças inflamatória intestinal em cães - Relato de casos. Ars Veterinaria, 36(4), 332–336. https://doi.org/10.15361/2175-0106.2020v36n4p332-336.
Hornby, P. J., & Prouty, S. M. (2004). Involvement of cannabinoid receptors in gut motility and visceral perception. British Journal of Pharmacology, 141(8), 1335–1345. https://doi.org/10.1038/sj.bjp.0705783.
Kulpa, J. E., Paulionis, L. J., Eglit, G. M. L., & Vaughn, D. M. (2021). Safety and tolerability of escalating cannabinoid doses in healthy cats. Journal of Feline Medicine and Surgery, 23(12), 1162–1175. https://doi.org/10.1177/1098612X211004215
Ligresti, A., Petrocellis, L., & Marzo, V. (2016). From phytocannabinoids to cannabinoid receptors and endocannabinoids: Pleiotropic physiological and pathological roles through complex pharmacology. Physiological Reviews, 96(4), 1593–1659. https://doi.org/10.1152/physrev.00002.2016
Little, S. E. (2016). O gato: medicina interna. Editora Roca.
Marques, M. L. O., Fernandes, L. D., Simone, N. T., Caldeira, C. S., & Carneiro Junior, W. A. (2021). Doença inflamatória intestinal: Revisão. PUBVET, 15(12), 1–10. https://doi.org/10.31533/pubvet.v15n12a977.1-10.
Nelson, R., & Couto, C. G. (2015). Medicina interna de pequenos animais (3.ed.). Elsevier Brasil.
Norsworthy, G. D., Crystal, M. A., Grace, S. F., & Tilley, L. P. (2004). O paciente felino. São Paulo: Roca, 3, 300.
Pesce, M., Esposito, G., & Sarnelli, G. (2018). Endocannabinoids in the treatment of gastrointestinal inflammation and symptoms. Current Opinion in Pharmacology, 43, 81–86. https://doi.org/10.1016/j.coph.2018.08.009.
Silva, A. K., Janovik, N., & Oliveira, R. R. (2020). Canabidiol e seus efeitos terapêuticos. In A. Diehl & C. Pillon (Eds.), Maconha: prevenção, tratamento e políticas públicas (pp. 110–112). Artmed Editora.
Silver, R. J. (2019). The endocannabinoid system of animals. Animals, 9, 2–15. https://doi.org/10.7551/mitpress/10457.003.0003.
Stanzani, A., Galiazzo, G., Giancola, F., Tagliavia, C., Silva, M., Pietra, M., Fracassi, F., & Chiocchetti, R. (2020). Localization of cannabinoid and cannabinoid related receptors in the cat gastrointestinal tract. Histochemistry and Cell Biology, 153(5), 339–356. https://doi.org/10.1007/s00418-020-01854-0
Tartakover Matalon, S., Azar, S., Meiri, D., Hadar, R., Nemirovski, A., Abu Jabal, N., Konikoff, F. M., Drucker, L., Tam, J., & Naftali, T. (2021). Endocannabinoid Levels in Ulcerative Colitis Patients Correlate With Clinical Parameters and Are Affected by Cannabis Consumption. Frontiers in Endocrinology, 12(August), 1–12. https://doi.org/10.3389/fendo.2021.685289
Tilley, L. P., & Smith Junior, F. W. (2014). Consulta veterinária em 5 minutos. Manole Ltda
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Carla Lemos Novais, Veridiana Soares Roberto, Regina Maria Nascimento Augusto Blaitt, Elisângela França de Oliveira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença. De acordo com os termos seguintes:
Atribuição
— Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso. Sem restrições adicionais
— Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.