Equívocos ao se antropomorfizar a alimentação dos animais de companhia
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v15n12a987.1-7Palavras-chave:
Ética do cuidado, cães, direito dos animais, gatos, nutrição animalResumo
O presente trabalho objetiva contribuir para a questão da responsabilidade legal e ética quanto à alimentação adequada para animais de companhia, por meio da análise das obras dos filósofos Singer, Francione e Gilligan. Realizou-se uma revisão de literatura a partir das principais obras filosóficas de autores que discutem a ética e os direitos dos animais, além de artigos científicos atuais e pertinentes ao tema. Verificou-se que, apesar das críticas filosóficas, cães e gatos ainda possuem o status de “coisa” sob a visão jurídica brasileira, ao invés de serem considerados sujeitos de direitos. Dentre os diversos atos abusivos contra os animais, inclui-se a negligência acerca do fornecimento de uma nutrição adequada. Conclui-se que os filósofos estudados propõem novos paradigmas para a relação cada vez mais antropomorfizada entre tutores e seus animais de companhia. E, isso, certamente, reflete em importantes mudanças nos hábitos alimentares dos pets.
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