Tratamento conservador de piometra em cadela jovem

Relato de caso

Resumo

A piometra é a doença reprodutiva mais prevalente em cadelas, apresentando manifestações clínicas variadas, podendo se configurar como uma urgência ou emergência, devido ao risco de evolução para insuficiência de múltiplos órgãos, sepse e óbito. A enfermidade apresenta alto índice de mortalidade quando não é diagnosticada precocemente e não se realiza a ovariossalpingo-histerectomia (OSH) em tempo hábil. Este relato de caso descreve a ocorrência da enfermidade em uma cadela da raça Cavalier King Charles Spaniel, de quatro anos de idade, que apresentou sinais clínicos como anorexia e apatia. O diagnóstico foi confirmado por meio de exames laboratoriais e de imagem. Foram realizados hemograma e perfil bioquímico, os quais revelaram leucocitose com desvio à esquerda, anemia regenerativa hipocrômica e normocítica, além de elevação nos níveis de ureia e creatinina. Também foi coletado swab para citologia vaginal, que indicou diestro e infecção bacteriana com presença de neutrófilos. O ultrassom abdominal evidenciou grande quantidade de conteúdo anecóico intrauterino, acompanhado de espessamento das paredes uterinas. Embora a OSH seja considerada o tratamento padrão-ouro para a piometra, podendo ser realizada de forma eletiva conforme o grau da infecção/inflamação, em casos específicos — como o aqui descrito, envolvendo uma cadela de alto valor genético, importada e reprodutora de um canil comercial — pode-se optar pelo tratamento conservativo medicamentoso. Apesar de a literatura científica recomendar a OSH como procedimento padrão para garantir a sobrevida do animal, o tratamento conservativo também é uma alternativa viável. Contudo, trata-se de uma abordagem terapêutica de alto custo e que pode ser ineficaz, não excluindo a necessidade de uma OSH posterior como tratamento curativo definitivo. Neste caso, o tratamento conservativo foi efetivo, e a cadela permaneceu apta à reprodução, sem recorrência da doença.