Violeta de genciana no tratamento de malasseziose felina refratária
Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.31533/Palavras-chave:
Antisséptico, banhos terapêuticos, fungo, gatoResumo
Objetivou-se relatar o caso de uso terapêutico do composto Violeta Genciana em um gato portador de malasseziose (Malassezia pachydermatis) resistente aos tratamentos tópicos e sistêmicos convencionais. Um felino (SRD, macho, castrado, 5 anos) apresentou quadro de prurido intenso, alopecia com queda de pêlos inicialmente na área dorsal da cabeça.Também foram observadas pequenas feridas nas orelhas, e pústulas na região ventral mandibular. Após exame clínico e citológico, o animal foi diagnosticado com malasseziose e foi iniciado o tratamento com associação de medicamentos tópicos por banhos terapêuticos com xampu (Cetoconazol 2% e Clorexidina 0,5%) e de medicamento sistêmico (cetoconazol suspensão oral a 20%) ao longo de 6 meses. Com algumas recidivas e piora do quadro, a tutora testou o uso do composto diluído ao xampu neutro em banhos semanais. Onde, foi diluído 20ml da Violeta Genciana a 1% em 400ml de xampu glicerinado de uso infantil. Foram realizados banhos com a solução, uma vez por semana, deixando a solução agir por cinco minutos.Posteriormente fez-se a retirada completa do produto com água corrente, secando-o em seguida. Ao longo do tratamento nenhum sinal de intoxicação ou irritação foi observado. Notou-se melhora considerável no primeiro mês e desaparecimento dos sintomas da Malasseziose no terceiro mês de uso. O caso relatado e as publicações levantadas trazem à luz a discussão da terapêutica de uma situação complexa que é o tratamento de fungos e evidenciam que, embora não recomendado por falta de estudos, o composto se mostrou eficiente e capaz de obter resultados satisfatórios no que diz respeito ao alívio sintomático da doença e melhoria da qualidade de vida do animal além de apresentar um melhor custo-benefício.
Referências
Appelt, C. E., & Cavalcante, L. F. H. (2008). Malassezia pachydermatis em cães e sua susceptibilidade aos antifúngicos azóis: revisão de literatura. Veterinária em Foco, 6(1), 21–28.
Bond, R., Morris, D. O., Guillot, J., Bensignor, E. J., Robson, D., Mason, K. V, Kano, R., & Hill, P. B. (2020). Biology, diagnosis and treatment of Malassezia dermatitis in dogs and cats Clinical Consensus Guidelines of the World Association for Veterinary Dermatology. Veterinary Dermatology, 31(1), 27-e4. https://doi.org/10.1111/vde.12806.
Brito, R. S. A., Santin, R., Nobre, M. O., & Mueller, E. N. (2018). Malassezia e Malasseziose em cães e gatos. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, 15(47).
Buffington, CAT, Westropp, JL, & Chew, DJ (2006). Distúrbios do trato urinário inferior felino. Em: Ettinger SJ, Feldman EC. Manual de Medicina Interna Veterinária, 6ª edição. Elsevier Saunders.
Cândido, R. G., Zaror, L., Fischman, O., Gregorio, Z., Isidoro, T., & Castanha, J. (1996). Actividad de antisepticos en Malassezia pachydermatys aislada de oido externo en perros y gatos. Boletín Micológico, 11, 51–54. https://doi.org/10.22370/bolmicol.1996.11.0.1004.
Catozo, R. G., Paula, J. F., Lima, L. R., & Spinosa, H. S. (2022). Intoxicação em gatos atendidos em um hospital veterinário universitário da cidade de São Paulo: Análise retrospectiva de 2010 a 2021. Revista de Educação Continuada Em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, 20(1), e38329. https://doi.org/10.36440/recmvz.v20i1.38329.
Ceconi, J. E., Sausen, T. R., Ames, S., Figueira, P. T., & Lima, V. Y. (2018). Avaliação dos tratamentos farmacológicos para dermatofitoses em animais de companhia. PUBVET, 12(4), 1–10. https://doi.org/10.22256/pubvet.v12n4a7.4.1-10.
Chebil, W., Haouas, N., Eskes, E., Vandecruys, P., Belgacem, S., Belhadj Ali, H., Babba, H., & Van Dijck, P. (2022). In vitro assessment of azole and amphotericin B susceptibilities of Malassezia spp. isolated from healthy and lesioned skin. Journal of Fungi, 8(9), 959. https://doi.org/10.3390/jof8090959.
Choappa, R. C. (2019). Fungos na saúde e na doença II. Dermatomicose e dermatofitose comuns. Boletim Micológico, 34(2), 1–10.
Costa, H. C. C., Santos, A. P. L., & Chaves, D. P. (2020). Dermatofilose em caprino no município de Santa Rita- MA: relato de caso. PUBVET, 14(7), 1–5. https://doi.org/10.31533/pubvet.v14n7a610.1-5.
Coutinho, S. D. A. (2005). Malassezia pachydermatis: Enzymes production in isolates from external ear canal of dogs with and without otitis. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaria e Zootecnia, 57(SUPPL. 2), 149–153. https://doi.org/10.1590/S0102-09352005000800003.
Cruz, R. O., Pinheiro, A. Q., Silva, B. W. L., Araújo, G. S., & Oliveira, L. M. B. (2020). Casuística de micoses em pequenos animais atendidos em Hospital Veterinário Universitário do Ceará: Estudo retrospectivo. PUBVET, 14(7), 1–9. https://doi.org/10.31533/pubvet.v14n7a614.1-9.
Ehemann, K., Contreras, A., & Celis-Ramírez, A. M. (2023). In vitro sensitivity of Malassezia furfur isolates from HIV-positive and negative patients to antifungal agents. Biomedica, 43, 120–131. https://doi.org/10.7705/BIOMEDICA.6871.
Faria, R. O. (2014). Fungos dimórficos e relacionados com micoses profundas. In M. M. Jericó, M. M. Kogika, & J. P. Andrade Neto (Eds.), Tratado de medicina interna de cães e gatos (p. 779). Koogan Guanabara.
Gomes-de-Elvas, A. R., Palmeira-de-Oliveira, A., Gaspar, C., Gouveia, P., Palmeira-de-Oliveira, R., Pina-Vaz, C., Rodrigues, A. G., & Martinez-de-Oliveira, J. (2012). In vitro assessment of gentian violet anti-candida activity. Gynecologic and Obstetric Investigation, 74(2), 120–124. https://doi.org/10.1159/000338899.
Gonzatto, D. L., Silva, E. A. S., Rezende, E. R., Oliveira, I. M., Eguchi, G. U., & Carvalho, J. K. M. R. (2019). Demodiciose canina associada a malasseziose. PUBVET, 13(9), 1–3. https://doi.org/10.31533/pubvet.v13n9a408.1-3.
Guaguère, E., & Bensignor, E. (2005). Terapêutica dermatológica do cão (Vol. 1). Roca.
Guillot, J., & Bond, R. (2020). Malassezia yeasts in veterinary dermatology: an updated overview. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, 10, 79. https://doi.org/10.3389/fcimb.2020.00079.
Hachem, R., Reitzel, R., Borne, A., Jiang, Y., Tinkey, P., Uthamanthil, R., Chandra, J., Ghannoum, M., & Raad, I. (2009). Novel antiseptic urinary catheters for prevention of urinary tract infections: Correlation of in vivo and in vitro test results. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 53(12), 5145–5149. https://doi.org/10.1128/AAC.00718-09.
Heinze, C.R. & Freeman, L.M. (2007). Higiene e cuidados com a pele em gatos. Compêndio: Educação Continuada para Veterinários, 29(10), 572–578.
Hobi, S., Barrs, V. R., & Bęczkowski, P. M. (2023). Dermatological problems of Brachycephalic dogs. In Animals (Vol. 13, Issue 12, p. 2016). https://doi.org/10.3390/ani13122016.
MAPA. (2007). Instrução Normativa SDA/MAPA nº 34, de 13 setembro de 2007 - Proíbe o registro e a autorização para a fabricação, a importação, a comercialização e para o uso de produtos destinados à alimentação animal contendo a substância química denominada Violeta Genciana (Cristal Violeta), com a finalidade de aditivo tecnológico antifúngico.
Kauss, V. S., & Greuel, A. M. (2020). Otite externa devido à proliferação de Malassezia sp. em felino. Comfel, 44.
Kim, M., Cho, Y. J., Park, M., Choi, Y., Hwang, S. Y., & Jung, W. H. (2018). Genomic tandem quadruplication is associated with ketoconazole resistance in Malassezia pachydermatis. Journal of Microbiology and Biotechnology, 28(11), 1937–1945. https://doi.org/10.4014/jmb.1810.10019.
Leite, J. J. L. V. (2010). Ocorrência de Malassezia spp. no canal auditivo externo no cão e gato, no concelho de Guimarães. Universidade Técnica de Lisboa.
Mafojane, T., Shangase, S. L., & Patel, M. (2017). The effect of subinhibitory concentrations of gentian violet on the germ tube formation by Candida albicans and its adherence to oral epithelial cells. Archives of Oral Biology, 82. https://doi.org/10.1016/j.archoralbio.2017.05.016.
Maley, A. M., & Arbiser, J. L. (2013). Gentian violet: A 19th century drug re-emerges in the 21st century. Experimental Dermatology, 22(12), 775–780. https://doi.org/10.1111/exd.12257.
Nobre, M., Meireles, M., Gaspar, L. F., Pereira, D., Schramm, R., Schuch, L. F., Souza, L., & Souza, L. (1998). Malassezia pachydermatis e outros agentes infecciosos nas otites externas e dermatites em cães. Ciência Rural, 28(3). https://doi.org/10.1590/s0103-84781998000300016.
Nobre, M. O., Nascente, P. S., Meireles, M. C., & Ferreiro, L. (2002). Drogas antifúngicas para pequenos e grandes animais. Ciência Rural, 32(1), 175–184. https://doi.org/10.1590/s0103-84782002000100029.
Patel, A., & Forsythe, P. J. (2011). Dermatologia em pequenos animais. Elsevier Brasil.
Peres, N. T. A., Maranhão, F. C. A., Rossi, A., & Martinez-Rossi, N. M. (2010). Dermatófitos: interação patógeno-hospedeiro e resistência a antifúngicos. Anais Brasileiros de Dermatologia, 85, 657–667.
Pietra, R. C. C. S., Rodrigues, L. F., Teixeira, E., Fried, L., Lefkove, B., Rabello, A., Arbiser, J., Ferreira, L. A. M., & Fernandes, A. P. (2013). Triphenylmethane Derivatives Have High In Vitro and In Vivo Activity against the Main Causative Agents of Cutaneous Leishmaniasis. PLoS ONE, 8(1), e51864. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0051864.
Pinheiro, R. C. Q., Peixoto, M. S., Ribeiro, I. L. A., Gomes, D. Q. C., Pereira, M. S. V., & Moura Netto, C. (2018). Efeito fotossenssibilizador in vitro da violeta de genciana na terapia fotodinâmica sobre Candida albicans. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, 6(2), 158–165. https://doi.org/10.18554/refacs.v6i2.2810.
Roca, F. L. (1979). Estudo sobre antifúngicos e sua aplicação prática no tratamento de dermatomicoses. Cunicultura, 4(18), 47–52.
Santos, L. R., Carvalho, V. M., & Ferreira, T. C. (2022). Dermatofitose em cão com hipercortisolismo: Relato de caso. PUBVET, 16(8), 1–7. https://doi.org/10.31533/pubvet.v16n08a1180.1-7.
Tater, K. C., Gwaltney-Brant, S., & Wismer, T. (2019). Dermatological topical products used in the US population and their toxicity to dogs and cats. Veterinary Dermatology, 30(6). https://doi.org/10.1111/vde.12796.

Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Wlaisa Vasconcelos Sampaio, Martiele Godinho Mineiro, Letícia Vasconcelos de Oliveira, Danilo do Rosário Pinheiro

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença. De acordo com os termos seguintes:
Atribuição
— Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso. Sem restrições adicionais
— Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.