Duplo Merle em Border Collies: Implicações genéticas e de saúde
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v19n03e1743Palavras-chave:
Alelo, fenótipo, genética, pelagem, surdezResumo
Atualmente, a crescente demanda por características estéticas no mercado pet tem gerado um aumento significativo no número de animais de estimação no país, conforme apontam diversas pesquisas. Um dos padrões de pelagem mais procurados e desejados é o padrão Merle, caracterizado por uma coloração que lembra o mármore, resultante da ação do gene M (Merle). Esse padrão é observado em várias raças de cães, conferindo a eles uma aparência única e atraente. No entanto, é essencial compreender que, além da estética, a genética por trás dessa pelagem pode acarretar implicações para a saúde dos animais. O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão aprofundada sobre a influência do gene Merle e as patologias associadas a ele, além de comparar essas condições com outras anomalias genéticas relacionadas às pelagens dos cães. O gene Merle, responsável pela aparência distintiva, pode ser vantajoso do ponto de vista comercial e visual, mas os cães portadores desse gene apresentam uma maior predisposição para deficiências auditivas, como a surdez, quando comparados a outros cães da mesma raça, mas com padrões de pelagem diferentes. Essa condição é associada a um conjunto de problemas de saúde, incluindo surdez, cegueira, esterilidade e outras anomalias físicas que podem ser graves e até incompatíveis com a vida. Essas patologias são consequência do acúmulo de cópias do gene Merle, o que torna fundamental que criadores e tutores estejam cientes dos riscos envolvidos na reprodução de cães com esse padrão de pelagem. Diante disso, torna-se essencial que profissionais da área veterinária orientem adequadamente sobre os riscos associados ao cruzamento de cães com pelagem Merle, promovendo a educação de tutores e criadores. A conscientização sobre as consequências de práticas de reprodução irresponsáveis é crucial para a manutenção da saúde dos animais e para garantir seu bem-estar, evitando a propagação de condições genéticas prejudiciais. Dessa forma, a responsabilidade sobre a reprodução comercial da espécie recai sobre o médico veterinário, que deve atuar de forma ética e informada, visando o equilíbrio entre a estética e a saúde dos cães.
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