Piometra em cadela de 10 meses: Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v17n5e1390Palavras-chave:
cão, diestro, hiperplasia endometrial cística, ovariohisterectomiaResumo
Piometra é uma patologia infecciosa, potencialmente fatal, que acomete o endométrio de cadelas, caracterizada pelo acúmulo de pus no lúmen uterino. Em geral, esta patologia ocorre no período do diestro, devido à infecção bacteriana ascendente que encontra ambiente propício para sua multiplicação no endométrio que sofreu hiperplasia cística em decorrência do estímulo cumulativo e prolongado dos hormônios femininos. Normalmente, não possui predisposição racial e acomete mais animais de meia-idade e idosos, a partir do 4o ciclo estral. Animais jovens raramente apresentam esta patologia e, quando ocorre, geralmente está associada ao uso de progestágenos exógenos. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de uma cadela, da raça Bulldog inglês, de 10 meses, que não fazia uso de progestágenos exógenos diagnosticada com piometra. A paciente foi atendida pelo Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro com secreção vulvar muco-hemorrágica há 24 horas. De acordo com o tutor, a cadela havia apresentado o primeiro cio 13 dias antes do atendimento. No exame físico geral a paciente apresentou parâmetros clínicos dentro da normalidade, com exceção da temperatura (febre), frequência respiratória (taquipneia), frequência cardíaca (taquicardia), e do lactato sanguíneo (aumentado). Devido a presença de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (taquipneia, taquicardia e febre) associado a possível foco infeccioso, solicitou-se hemograma e bioquímica sérica renal e hepática. No hemograma foi avaliado leucocitose neutrofílica, indicando processo inflamatório/infeccioso, na bioquímica sérica observou-se disfunção hepática. Realizou-se também ultrassonografia abdominal que avaliou presença de conteúdo anecóico dentro dos cornos uterinos, sugestivo de piometra. A paciente foi então encaminhada para o serviço de cirurgia para realização da ovariohisterectomia onde retirou-se o foco infeccioso. Na sequência, foi coletado material uterino, de forma estéril, para realização de cultura e antibiograma obtendo-se resultado positivo para dois tipos de bactéria, Streptococcus sp e Bastonete Gram negativo não fermentador. Foi prescrito no pós-operatório antibiótico, anti-inflamatório não esteroidal e analgésico, além de curativo diário, roupa cirúrgica e colar protetor. Não houve qualquer intercorrência no trans ou no pós-operatório da paciente, que não teve recidiva dos sinais clínicos, recebendo alta cirúrgica 10 dias após a cirurgia.
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