Presença de metais tóxicos em brinquedos para animais domésticos: Revisão
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v16n12a1281.1-10Palavras-chave:
Animais domésticos, brinquedos, metais tóxicos, toxicologiaResumo
Devido ao crescimento do número de cães e gatos nos domicílios brasileiros, houve também o crescimento do setor industrial/comercial voltado para esses pets. Com a ressignificação desses animais dentro das famílias, especialmente com o processo de “infantilização”, a indústria começou a produzir roupas, guloseimas e brinquedos para os tutores adquirirem, espelhando nos pets o seu consumismo e a atribuição de valores afetivos. Desta forma, os brinquedos ganharam destaque em razão dos benefícios do enriquecimento ambiental. Entretanto, apesar do aumento na demanda, não há uma legislação regulatória para os brinquedos voltados para os animais domésticos, abrindo precedentes de contaminação que colocam em risco a saúde dos pets em detrimento da produção sem fiscalização. Sugere-se a presença de metais tóxicos em concentrações desconhecidas nesses objetos, pois em brinquedos voltados para crianças há presença desses elementos em concentrações pré-estabelecidas visando a segurança e integridade do público-alvo ao adquirir esses produtos. Nota-se a relevância nociva, especialmente de metais tóxicos como o chumbo (Pb), Mercúrio (Hg), Cádmio (Cd) e Arsênio (As), que podem induzir toxicoses agudas e crônicas, desencadeadas pelo acúmulo desses elementos nos tecidos, prejudicando o metabolismo e a fisiologia normal do animal. Essa revisão de literatura tem por objetivo apontar a possível presença de metais tóxicos em brinquedos para pets, bem como descrever testes laboratoriais para detectar esses elementos.
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