Giardíase em cães e gatos, uma emergência em saúde única: Revisão
DOI:
https://doi.org/10.31533/pubvet.v16n11a1272.1-11Palavras-chave:
Caninos, diarreia, felinos, parasita, zoonoseResumo
A Giardíase é uma infecção causada pelo protozoário Giárdia spp., que é adquirido por transmissão direta ou indireta, sendo de maior importância a via hídrica. É considerada uma das zoonoses mais importantes na rotina clínica veterinária, com ampla distribuição mundial e considerável prevalência no Brasil, sendo bastante relevante para a saúde única. A principal espécie que acomete os animais domésticos é a Giárdia duodenalis. Ela causa alterações no intestino delgado, provocando atrofia das vilosidades e aprofundamento das cristas e afetando a absorção de nutrientes. Em virtude de sua ação intestinal, promove diarreia intensa, a qual leva à severa desidratação, podendo causar a morte em animais jovens, se não tratada adequadamente. O diagnóstico é feito através dos exames de fezes dos animais suspeitos da infecção. A profilaxia consiste em executar uma higienização adequada do ambiente em que cães e gatos residem, e ter bons hábitos de higiene, como lavar bem as mãos. O presente trabalho tem por objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a giardíase, descrevendo sua etiologia, aspectos epidemiológicos, patogenia, sinais clínicos, formas de diagnóstico, tratamento, prognóstico, medidas de prevenção e controle, e aspectos importantes em saúde pública. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados do PubMed, Scielo e Google Scholar, entre os anos de 2010 a 2022. Foram utilizados os seguintes descritores: giardíase, cães, gatos, epidemiologia, diagnóstico, saúde pública e zoonose. Alguns trabalhos em diversas regiões do Brasil foram estudados e foi verificado que a prevalência para Giárdia spp. variou de 0,58 a 50% para cães, e em gatos os percentuais foram entre 0,6 à 60%, cabendo ressaltar, que o interstício das diferenças pode ser decorrente das diferentes amostragens consideradas nos estudos. A realidade encontrada no Brasil, neste estudo, provavelmente está subestimada, já que não há notificação compulsória. Assim, os números de casos deixam de aparecer nos boletins epidemiológicos de toda rede de saúde única do Brasil, e dificultam a análise da real situação em saúde da nação.
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